sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Palestra sobre Educação e Cinema

(Edmar Moreira, Profª Drª Joana Ormundo e Profª Drª Claudia Mogadouro)

   A palestra com o tema de EDUCAÇÃO E CINEMA foi realizada no campus vergueiro dia 18 de novembro de 2011 ministrada pela Professora Cláudia Mogadouro - Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, e pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, abordando a educação e cinema com base nos temas transversais propostos pelo nosso projeto Lixo Luxo.


 A professora nos apresentou a definição de EDUCOMUNICAÇÃO: educação para a formação do chamado senso crítico frente à mídia, o saber ler, ouvir e fazer comunicação; e nos apresentou os tópicos:


  • O descompasso (a cultura como mosaico);
  • A relação de educação;
  • A manipulação ideológica;
  • O cinema como meio de controle;
  • A industria cultural;
  • Teoria das mediações (produção – recepção);
  • Formação social, entre outros.

  Com base nos temas transversais nosso projeto discute sobre o meio ambiente e a cultura, tratados diretamente com o documentário lixo extraordinário, onde Cláudia discute sobre a formação dos profissionais da educação, a não utilização dos clássicos do cinema na escola, a importância da visão crítica tendo como base um dos produtores deste documentário o brasileiro João Jardim. Segundo Cláudia: “O melhor do documentário está no depoimentos dos catadores do Jardim Gramacho, que emociona o público”. Com a produção de Lucy Walker, “caso não tivesse a percepção de J. Jardim”, o documentário seria sobre as obras e a vida do artista plástico Vik Muniz.

   Foi de grande importância participar dessa palestra, onde percebemos que a consciência ecológica é inseparável da consciência social, cabendo a escola, responsável pelo acesso de conhecimento, contribuir para a realização de um espaço reflexivo para a construção da cidadania.


Foto: Adriane Luiza Mascarenhas

Gênero: Entrevista - Rubens Lopes

   Entrevista é o gênero estruturado em perguntas e respostas (entrevistador e entrevistado) por meio da conversação para obter do entrevistado informações acerca do que está sendo abordado no momento e/ou temática.

    Traremos aqui, por meio do recurso audiovisual, a história de vida do Sr. Rubens Lopes, vendedor da revista Ocas. Em seu depoimento ele aborda como conheceu a Organização Civil de Ação Social bem como sua trajetória vinculado ao mesmo. Observemos a prática social em que o indivíduo está inserido e como ele se constitui, ou seja, o discurso da perspectiva de transformação permeia nos dizeres de Rubens Lopes e configura o universo pelo qual a OCAS proporciona para seus colaboradores no exercício de suas funções. Contudo, realiza-se a configuração da reintegração do indivíduo na sociedade por meio de um projeto social.



Criação do vídeo: Adriane Luiza Mascarenhas, Ana Nogueira e Edmar Moreira

Fonte: www.youtube.com - acessado em 25/11/2011 às 08:50


Gênero: Reportagem - Projeto OCAS

  A reportagem jornalística é baseada em conteúdo de depoimentos e fatos da realidade, contados por por intermédio de palavras, imagens e sons.

   Apresentaremos, por intermédio do gênero, em um recurso audiovisual, a Organização de Ação Social - OCAS. Nossa abordagem está relacionada com o funcionamento do espaço e dos indivíduos que dela fazem parte, identificando as ferramentas de funcionamento do projeto social e o seu desempenho junto à sociedade.



Criação do vídeo: Adriane Luiza Mascarenhas, Ana Nogueira e Edmar Moreira

Fonte: www.youtube.com - acesso em 25/11/2011 às 08:15

Gênero: Artigo - Brasil: Realidade “mascarada” para quem a vê e “crua” para quem a vive

Artigo é um texto que apresenta uma posição determinada acerca de um assunto, sua fundamentação é elaborada por meio do discurso argumentativo e desenvolve, em sua maioria, conteúdo de análise, crítica e explanação relacionado a temática enfatizada no contexto.

Artigo de: Edmar Moreira
Graduando em Letras pela Universidade Paulista - 25/11/2011

O passado histórico-social do Brasil construiu hoje um contexto bem aparente e estagnado de nossa cultura: a desigualdade social.  Essa, tratada por diversos parâmetros, nos revela que o Brasil ainda tem muito a caminhar e que por todo ângulo conseguimos identificar o lado "cru" da pobreza brasileira.  Milhares de pessoas acordam na esperança de reintegração na sociedade, e diante dos mais complexos históricos de vida de cada um deles, o individuo se vê cercado, não somente, de dificuldades de garantir sua subsistência, mas também de receber um tratamento “humanizado” da sociedade.  

Baixa taxa de analfabetismo, de distribuição de renda, de escolaridade e etc., diante desse comprovado quadro, o brasileiro, é sem dúvidas, o individuo que mais se depara com o desafio de perspectiva de vida. Embora tenha-se diante do contexto social um escárnio de valores, todos esses desafios são mascarados com programas criados pelo governo e que pouco atendem a camada populacional carente de tais benefícios.

Índices econômicos apontam que a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil fique entre 4% e 5% no ano de 2012. A “nova classe média” do Brasil corresponde, hoje, a 52% da população e a economia de consumo depende, por uma boa parcela, dessa classe para manter-se sólida. Diante de contextos tão favoráveis, eis que surge o paradoxo da realidade brasileira: Por que ainda permanecemos na mesma situação?

Muitas são as explicações, porém poucas são consistentes e transformativas em sua real situação. O fato é que o Brasil estagnou nas suas políticas favoráveis às classes dominantes, predomínio da concentração de renda e riqueza e empréstimos de capitas estrangeiros ao longo dos últimos anos, resultando em um dos mais caóticos cenários de desigualdade social, que paulatinamente caminha para uma “revolução social”.

Na sociedade considera-se que um dos meios de tentativa de sobrevivência advém de uma série de problemas sociais, que em sua maioria, se não em sua totalidade, são “tratados” pelo governo demasiadamente com lentidão. O individuo brasileiro revela-se à margem de uma sociedade que transborda o avesso de dignidade, austero descaso, indiferença e falta de valores humanos. Diante da complexa perspectiva de crescimento, deparamo-nos com a real necessidade de reintegração na sociedade por diversos tipos de atividades não-formais, exemplificando como sendo um deles, a revelação de um visível cenário da realidade brasileira: a geração de renda por meio de um problema ambiental e social gerado pela sociedade – o lixo.

Muitos brasileiros fazem brotar seu sustento dos lixões, seja por meio de geração de dinheiro propriamente dito, ou do consumo de detritos orgânicos deixados por uma sociedade que pouco tem “consciência seletiva”. O trabalho dessas pessoas apresentam um importante – e triste – cenário da atividade de mão-de-obra brasileira, ressalvo a contribuição dessa camada trabalhadora no que se diz respeito a preceitos de sustentabilidade e coleta seletiva na sociedade, entretanto com pouco incentivo governamental nessas questões dificultam-se o crescimento positivo acerca de mudanças.

Sabe-se que o comportamento cultural do brasileiro é o principal gerador desse problema social, ou seja, o conceito de sustentabilidade e coleta seletiva é muito bem defendido em seu discurso, todavia pouco realizado em sua prática. Diante de tal contexto, a disposição do cenário é cruelmente desenhada: o catador realiza por ele mesmo o trabalho de muitos em decorrência da falta de comprometimento com o meio ambiente e questões sociais da sociedade.

A humanidade revela em seus mais diversos contextos o trabalho de quem transforma lixo em tudo: subsistência, alimento e arte. Entretanto carregam consigo o principal fator: a falta de perspectiva na transformação da sua própria realidade, pois ela está distante, é corriqueira, é só “transformação” – salvo pelo poder que atribui à sua semântica – salvo só por isso, mas raramente conquistado. É atribuir sentido naquilo que o rodeia, a fim de encontrar caminhos para seguir um novo percurso, afinal, o “futuro só depende do próprio indivíduo”, mas em cima desse apontamento universal, que tal construirmos um futuro no coletivo? Meu olhar nunca será novo se eu não transformá-lo em um “novo olhar”. E isso sim é possível individualmente.

Essa construção da Passarola, salvo excelentíssimo José Saramago que nos perdoe, não é mais só uma representação de ambição e utopia, mas sim a “concretização” de que o futuro do Brasil será bem melhor que atualmente, ressaltemos que essa previsão é noticiada por nossos “extraordinários” índices econômicos. Quem sabe superemos, segundo estudos econômicos de 2011, o Reino Unido em nosso Produto Interno Bruto? É um ótimo cenário que mascara a realidade existente, mas que não nos deixa desacreditar de algo: até a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 todos nós estaremos fluentes em inglês.


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Gênero: História em quadrinhos - Jogue o lixo no lixo

Os Quadrinhos são uma sofisticada linguagem artística, que conjugam imagens e palavras. Utilizam textos de discurso direto, com elenco e enredo, narrados quadro a quadro, próximos a uma conversação face a face. Envolvem o leitor com elementos visuais que complementam a compreensão. Este, ao relacionar texto e desenho, linguagem verbal e não-verbal, produz a construção de sentido a partir de seu conhecimento lingüístico e de mundo.


Criação: Adriane Luiza Mascarenhas, Ana Paula Nogueira e Edmar Moreira.

Gênero: Charge - O lixo da realidade

A charge, presente desde o início do século XIX, é uma crítica social humorística, contextualizada e, por isso, vinculada profundamente a seu tempo de produção. Relaciona-se intertextualmente recriando a realidade, provoca o leitor a colaborar na construção do sentido, fazendo-o colher dos fatos, detalhes que enriquecem e intensificam o humor. Aborda temas jornalísticos, sociais e polêmicos, tendo cunho, predominantemente, político. 




Criação: Adriane Luiza Mascarenhas, Ana Paula Nogueira e Edmar Moreira.

Gênero: Resenha Crítica - "Lixo Extraordinário"

Traremos aqui uma diversidade de produção dos gêneros textuais acerca da temática do nosso projeto.
A priori, identificaremos segundo Koch & Elias (2010: pg. 55) que:
Dessa forma, todas as nossas produções, quer orais, quer escritas, se baseiam em formas-padrão relativamente estáveis de estruturação de um todo a que denominamos gêneros. Longe de serem naturais ou resultado da ação de um indivíduo, essas práticas comunicativas são modeladas/remodeladas em processos interacionais dos quais participam os sujeitos de uma determinada cultura. 
A Resenha Crítica é um texto que analisa outra produção, apontando aspectos importantes e irrelevantes acerca da temática abordada.
  
Resenha Crítica - Lixo Extraordinário


Direção: João Jardim, Karen Harley e Lucy Walker
Ano de lançamento: 2009

O documentário Lixo Extraordinário, acompanha o trabalho do artista plástico Vick Muniz, brasileiro radicado nos EUA, propõe um novo sentido a vida dos catadores de lixo do Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário da América Latina, localizado em Duque de Caxias - RJ.

Ele vem conhecer de perto como é a vida dos catadores e aos poucos conhece alguns deles e diz o que pretende. Quer transformar o lixo — a matéria prima e de sobrevivência daqueles trabalhadores — em arte, mas com a parceria e colaboração deles.     
O filme é a construção dos painéis em que os catadores de lixo são retratados e o processo de transformação que se dá na vida dessas pessoas.
   Depois de fotografados, as imagens escolhidas dos catadores são projetadas de uma altura no chão e é preenchida com sucatas e objetos retirados do aterro sanitário. O efeito é belíssimo e esse painel é novamente fotografado e se transforma no quadro final do artista.
Os depoimentos emocionados de todos os retratados revelam como o processo artístico modificou suas vidas e trouxe auto-estima.
Tião, líder da associação dos catadores do Jardim Gramacho acompanha Vick ao leilão realizado em Londres. A obra que o retrata é arrematada por quase 100 mil reais. Muito emocionado, Tião diz que “tudo valeu a pena!”. Ele se refere à batalha para a criação da associação que luta pelos direitos dos catadores de lixo do Jardim Gramacho. Parte da renda das obras foi revertida à comunidade.


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Para refletir : Topografia de um Desnudo

   O filme, baseado em fatos reais, conta um fato histórico da década de 1960: a “operação mata-mendigos” na gestão do governo Carlos Lacerda. O drama se desenvolve com a tortura e morte promovida pelo estado para a higienização da cidade. Tudo isso para visita da Rainha da Inglaterra Elizabeth II.



Fonte: www.youtube.com - acessado em 14/11/2011 às 18h36

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Teatro Mágico - Cidadão de Papelão

   Em "Cidadão de Papelão" Fernando Anitelli e sua trupe, O Teatro Mágico, descrevem a realidade de uma sociedade capitalista no extremo do seu consumismo; mostra o descaso, a indiferença e a falta de valores humanos. Tanto na música, quanto no clipe, os personagens principais são aqueles às margens da sociedade, invisíveis e desprezados tentando dignificar-se diante de uma sociedade injusta e egoísta.
   Na animação do clipe abaixo é possível notar a forma como que a sociedade trata os catadores de lixo, como ignoram a presença dos garis e os executivos de terno e gravata, retratados como zumbis, cobiçam cada vez mais o dinheiro, trabalham tanto sem ter tempo para gastá-lo.




Confiram a letra:

Cidadão de papelão

O Teatro Mágico


O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
Nem terno, nem tampouco ternura
À margem de toda rua, sem identificação, sei não
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
De pé na cova, sem vocação, sem convicção


À margem de toda candura
À margem de toda candura
À margem de toda candura


Um cara, um papo, um sopapo, um papelão


Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura


O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
Nem farda, nem tampouco fartura
Sem papel, sem assinatura
Se reciclando vai, se vai


À margem de toda candura
À margem de toda candura


Homem de pedra, de pó, de pé no chão

Não habita, se habitua
Não habita, se habitua


Fonte:
http://letras.terra.com.br/o-teatro-magico/732486/
http://www.youtube.com/ acesso em 08/11/2011 às 00:16

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Bicicloteca em São Paulo: leitura para moradores de rua

    A Revolução dos Bichos, de George Orwell (1903-1950), é o livro que mais impressionou o ex-morador de rua Robson Mendonça, 60, gaúcho de Alegrete.
   Por gostar de ler, e não poder pegar nada emprestado de bibliotecas públicas por não ter comprovante de endereço, ele tinha um sonho. Quando melhorasse de vida, criaria uma biblioteca só para pessoas da rua.
   Ontem, em pleno Marco Zero da capital paulista, na praça da Sé, lá estava ela. A bicicloteca -uma bicicleta equipada com um baú atrás com centenas de livro dentro- fez a sua estreia.
   "Até agora [por volta das 15h] 80 livros foram retirados", diz Mendonça, exibindo a lista de nomes escritos à mão em um caderno. Quem pega um livro tem duas opções: ou passa adiante para quem quiser ler, ou devolve para a bicicleta.
 Todo acervo do projeto, bancado exclusivamente por parceiros privados, é fruto de doações. No baú, títulos de Truman Capote, Lima Barreto e Graciliano Ramos.
  Mendonça conta que perdeu a mulher e dois filhos em um acidente. Essa foi uma das causas que o levou para a rua, onde permaneceu por seis anos, até 2003.
 "Perdi tudo após um golpe. Com documentos falsos, levaram o que tinha na conta do PIS/PASESP", diz. Hoje, ele dirige uma ONG para pessoas das ruas. "Atendemos 380 desde janeiro". 


Fonte: Folha de SP acessada em 08/11/2011 às 09h43

O trabalhador invisível - A exclusão social vivida por garis


    Durante oito anos, o psicólogo social Fernando Braga da Costa, da Universidade de São Paulo (USP), vestiu um uniforme e, com a vassoura em punho, passou a participar do trabalho da equipe de limpeza do Instituto de Psicologia da mesma instituição. A experiência resultou na dissertação Garis – Um estudo de psicologia sobre invisibilidade pública, na qual defende que, com frequência, a maioria das pessoas percebe o outro de acordo com o status social de seu trabalho.
   O psicólogo optou por vestir-se de varredor de rua para vivenciar a situação psicológica desse grupo de trabalhadores. Ele notou que, de fato, essas pessoas foram tratadas como “invisíveis” por alunos, professores e outros profissionais que circularam pela universidade durante a pesquisa. “Conhecia muitas das pessoas, porém, todas passavam sem me olhar. Em determinado momento, um professor se aproximou e interrompi a varrição para cumprimentá-lo, debruçando-me sobre a vassoura. Ele não me notou. Chegou a esbarrar no meu ombro e nem sequer parou para pedir desculpas”, conta o pesquisador, ressaltando que, em outra ocasião, sem o uniforme, encontrou acidentalmente esse colega e foi notado por ele.
  Segundo Costa, a invisibilidade social repercute na autoestima desses profissionais. A percepção de que são marginalizados restringe sua convivência no ambiente de trabalho aos companheiros de função. É comum que evitem o contato visual para se proteger da violência social. Outro dado levantado, nos sindicatos, é que é muito raro um gari mudar de profissão, o que sugere a exclusão associada à divisão social do trabalho.




Fonte: Mente e Cérebro - artigo - acessado em 07/11/2011 às 22h45
http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/o_trabalhador_invisivel.html

Aterro do Jardim Gramacho fecha em Dezembro após 35 anos

      RIO - Depois de 35 anos de operação, o Aterro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, deixará de operar em dezembro deste ano. A decisão foi tomada após reunião na segunda-feira, na sede da Secretaria do Ambiente, com o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito (PSDB), o secretário Estadual Carlos Minc, a presidente do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), Marilene Ramos, o secretário municipal de Meio Ambiente, Samuel Maia, e representantes da Comlurb. No dia 14 de março haverá uma nova reunião para a elaboração do termo de encerramento do local.
   Os cerca de 5 mil catadores que trabalham no aterro, o maior da América Latina, passarão por cursos de capacitação e receberão uma bolsa de seguro desemprego, com valor ainda a ser definido. Os recursos, cerca de R$ 2 milhões, virão do Fecam (Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano) e da Fundação Nacional de Saúde. Cerca de serão investidos na qualificação dos catadores
    Com os recursos da exploração do gás do aterro feito pela empresa Nova Gramacho, as ruas do bairro serão recuperadas com a criação de um Fundo Municipal. Quatro veículos também serão comprados pela prefeitura para serem entregues às cooperativas de catadores de lixo reciclável, estabelecidas no bairro Jardim Gramacho. A previsão é que os veículos sejam entregues em três meses. Outros recursos dos governos federal e estadual serão disponibilizados para a coleta seletiva e inclusão dos catadores.
    O Aterro de Jardim Gramacho tem extensão de 1,5 milhão km² e foi criado em 1976 durante o regime militar. Aproximadamente 8 mil toneladas de lixo são vazadas no local por dia, destes 60% são provenientes do município do Rio. O gás produzido é explorado pela empresa Nova Gramacho, de São Paulo, que já está vendendo parte da produção para Petrobras.





Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/02/15/aterro-de-jardim-gramacho-fecha-em-dezembro-apos-35-anos-de-operacao-923808045.asp#ixzz1d4Rucuo2
© 1996 - 2011. Todos os direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Fonte: O Globo - Rio. acessado em 07/11/2011 às 22h20

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Lixo na rua, lixo na mente

A situação no país só não é ainda mais grave graças aos catadores
Washington Novaes*
O Estado de S. Paulo - 09/10/2009


   Desde o último domingo a cidade de São Paulo está mandando para aterros em outros municípios as 13 mil toneladas diárias de lixo domiciliar e comercial que produz, pois se esgotou a capacidade de seu último aterro em funcionamento e ainda não está licenciada a área adicional de 435 mil metros quadrados para onde se pretende expandir o São João (Estado, 2/10). 

   Mais de uma vez já foram mencionados neste espaço maus exemplos que o autor destas linhas documentou em Nova York (EUA) e Toronto (Canadá). Na primeira, deixou-se esgotar o aterro para onde iam 12 mil toneladas diárias de resíduos. E a solução foi transportá-las diariamente em caminhões para mais de 500 quilômetros de distância, no Estado da Virginia, e depositá-las num aterro privado, ao custo de US$ 720 mil por dia (US$ 30 por tonelada para o transporte, outro tanto para pagar o aterro). Em Toronto também se esgotou o aterro para onde iam 3 mil toneladas diárias. E se teve de implantar um comboio ferroviário para levá-las a 800 quilômetros de distância. São apenas dois de muitos exemplos. No Brasil mesmo, Belo Horizonte já está mandando lixo para dezenas de quilômetros de distância. O Rio de Janeiro tem de exportá-lo para a Baixada Fluminense. Curitiba esgotou o seu aterro, como muitas outras capitais. 

    Mas há boas notícias também. Uma delas foi anunciada pelo próprio ministro do Meio Ambiente: vai criar um programa de remuneração para os catadores de lixo no Brasil, que já são cerca de 1 milhão. É graças aos catadores que não temos uma situação ainda mais grave no País, já que são eles que encaminham para a reciclagem em empresas (em usinas públicas a porcentagem é insignificante) cerca de um terço do papel e papelão descartado, uns 20% do vidro, talvez outro tanto de plásticos e a quase totalidade das latas de bebidas. 

    Mas é preciso avançar mais: implantar coleta seletiva em toda parte, encarregar cooperativas de reciclagem de recolher os resíduos já separados, construir usinas de triagem operadas e administradas por elas, onde se pode reciclar cerca de 80% do lixo recolhido - transformando todo o lixo orgânico em composto para uso na jardinagem, contenção de encostas, etc.; todo o papel e papelão, em telhas revestidas de betume, capazes de substituir as de amianto com muitas vantagens; transformando todo o plástico PVC em pellets (para serem utilizados como matéria-prima) ou em mangueiras pretas; moendo o vidro e vendendo-o a recicladoras, assim como latas de alumínio e outros metais. Por esses caminhos se consegue reduzir para 20% o lixo destinado ao aterro. Gerando trabalho e renda para um contingente hoje sem nenhuma proteção. 

    Outra boa notícia (Estado, 2/10) é a de que a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e a Cetesb concluíram a vistoria dos últimos 48 lixões em território paulista. Para 18 deles já há soluções apresentadas pelas prefeituras. Outros 22 apresentarão suas soluções ainda este mês e 7 já estão em processo de interdição; 13 lixões foram fechados nos últimos dois anos. É uma contribuição importante, já que quase metade do lixo domiciliar e comercial no País continua indo para lixões a céu aberto. 

    Não será fácil equacionar a questão. Segundo estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), implantar um aterro capaz de receber 2 mil toneladas diárias de resíduos custa em média R$ 525,8 milhões; de médio porte, para 800 toneladas/dia, R$ 236,5 milhões; e de pequeno porte, para 100 toneladas/dia, R$ 52,4 milhões (Estado, 7/9). Quantas prefeituras têm capacidade financeira para esse investimento, lembrando que a produção média de lixo por pessoa no País já está acima de um quilo por dia? Não por acaso, o mercado da limpeza urbana, segundo estudo da Unesp, está em R$ 17 bilhões anuais. Mas não bastasse tanto lixo, ainda importamos desde janeiro de 2008 mais de 220 mil toneladas de lixo, pagando R$ 257,9 milhões, para ser reciclado e reutilizado em vários setores industriais (Estado, 26/7). 

   E há outros problemas. Diz, por exemplo, o noticiário deste jornal (16/8) que a Cetesb identificou 19 áreas contaminadas por lixo tóxico só no Bairro da Mooca, que ocupam 300 mil metros quadrados - herança de seu passado industrial. Será preciso descontaminar essas áreas, com altos custos. E encontrar depósitos para o lixo perigoso. 

   Talvez num deles se possa depositar também o altamente perigoso lixo político que está invadindo nossa vida pública e poderá ter consequências funestas. Pode-se começar lembrando as declarações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, segundo quem "forças demoníacas" têm criado obstáculos ao licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (Estado, 30/9). A referência era a ONGs, como o Conselho Indigenista Missionário e vários outros movimentos sociais, além do Ministério Público Federal, que criticam o projeto. Mas atinge também estudos de universidades que têm demonstrado a precariedade das avaliações sobre consequências ambientais, sociais, políticas e econômicas daquela usina e pedido novos estudos, inclusive sobre o custo da implantação, ora estimado em R$ 9 bilhões, ora em R$ 30 bilhões. Sem argumentos, o ministro prefere demonizar os críticos - um caminho perigoso, porque o passo seguinte seria exorcizá-los, talvez bani-los da vida pública - ou coisa pior. 

   Na mesma linha, as afirmações do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, de que o ministro do Meio Ambiente é "maconheiro" e "homossexual" e que gostaria de "estuprá-lo em praça pública"(!). E, para completar, o presidente do PSC, Vitor Nósseis (O Popular, 3/10), que, para explicar a migração de políticos para outros partidos, comparou-a a "uma relação entre marido e mulher": "Se o dinheiro sai pela porta, a mulher sai pela janela." 

    Como se pode avançar na política com tanto lixo? 

*Washington Novaes é jornalista 
Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo, na seção Espaço Aberto


Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br
acesso em 03/11/2011 às 12:35

O extraordinário Tião Santos

- Entrevista:
Sucena Shkrada Resk 
- Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 30/05/2011



Depois de protagonizar o documentário “Lixo Extraordinário”, ao lado do artista plástico Vik Muniz, idealizador do projeto, e de seus colegas mais próximos, claro que a vida de Tião Santos, catador de material reciclável do Aterro Controlado do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias/RJ, nunca mais foi a mesma. Ele encontrou no filme um aliado poderoso para a causa que abraçou quando assumiu a presidência da associação da comunidade: a de melhorar a qualidade de vida dos catadores. E tem feito boas conquistas.



      O Jardim Gramacho deverá ser desativado em 2012 e os governos municipal e estadual já anunciaram projetos para a formação de centros de referência em reciclagem, além de parcerias com a iniciativa privada para a capacitação dos catadores. O terreno foi, por décadas, um imenso lixão, considerado um dos maiores da América Latina. E foi justamente esse grupo de homens e mulheres, que sobrevivem das toneladas de resíduos lá jogados, que se tornou protagonista de um trabalho de recomposição da dignidade pela arte. E tudo aconteceu por conta da inquietação do artista plástico brasileiro Vik Muniz e de seu desejo de conhecer o local e produzir mais um trabalho espetacular, envolvendo a comunidade. 

     Seu documentário, Lixo Extraordinário (Waste Land, em inglês), lançado no ano passado e produzido entre 2007 e 2009 no Aterro Controlado de Gramacho - onde trabalham cerca de 2 mil pessoas, responsáveis pelo sustento de, pelo menos, três mil - retrata muito bem essa intenção, que transformou a vida de todos, mas especialmente de Tião Santos.

     Sebastião Carlos dos Santos, 32 anos, natural de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nunca foi tão assediado como nos últimos meses - principalmente pela mídia. Ele é presidente daAssociação de Catadores de Material Reciclável de Jardim Gramacho e tem um jeito natural de líder que não só o colocou nessa posição, como também lhe garantiu um papel de destaque no filme que concorreu ao Oscar este ano. 

   Devido a sua atuação e a essa indicação, Tião ficou famoso. E usa sabiamente essa fama para ajudar a valorizar o trabalho dos catadores que, hoje, devem ser cerca de 800 mil pessoas, em todo Brasil, segundo o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, do qual também faz parte. 


   Apesar de trabalhar há 11 anos no aterro do Jardim Gramacho, Tião conta que sua familiaridade com o ‘lixo’ vem desde os 11 anos de idade. Sua mãe, dona "Geruza", por 25 anos o sustentou e a seus sete irmãos, trabalhando no aterro, enquanto seu pai Carlos (falecido há três anos) foi estivador e sindicalista no Cais do Porto.

     Novos caminhos estão sendo abertos. Entre eles, está a oportunidade - e, ao mesmo tempo, o desafio - de coordenar a logística do movimento recém-lançado, o Limpa Brasil*, baseado na iniciativa internacional Let`s do It (leia reportagens sobre esse movimento no final desta entrevista) e de ser palestrante em eventos temáticos realizados pelo país. Nesta entrevista exclusiva ao Planeta Sustentável - concedida durante o IV Fórum de Comunicação e Sustentabilidade, em Belo Horizonte, do qual participou -, ele fala um pouco sobre sua trajetória e confessa que um dos seus sonhos é concluir os estudos (formou-se até o 2º ano do ensino médio) e ir mais longe: quer cursar a faculdade de Sociologia ou de Ciências Políticas. Alguém duvida que ele vai longe?

O que você conserva inalterado em seu aprendizado de vida, desde sua infância, até agora?
Sem ser demagogo, o que eu não mudei foi a honestidade, que continua inabalável e o compromisso que tenho com as pessoas. Desde pequeno estou neste trabalho, sou de uma família de catadores. E mesmo nos momentos em que não estive na atividade, sempre me solidarizei com a categoria. Eu me cobro muito. Mas se eu não for desse jeito, também não vou me sentir bem. Acredito que a gente deve ter responsabilidade e humildade, acima de tudo. Hoje, transito nos extremos, por isso, preciso saber qual é o meu papel, de onde eu sou, quem sou e para quem é que tenho de reverter tudo isso. Desde pequeno, comecei a ter noção disso tudo. Teve vezes em que pensei em abandonar tudo, mas o conceito ético me chamou de volta para esse caminho.


O que mais o marcou nessa trajetória, já que trabalhou diretamente em um lixão, onde as condições são as mais precárias?

Era um lixão mesmo, depois é que virou um aterro controlado. Vazava chorume, vivia pegando fogo, o gás não era canalizado e lá ainda moravam pessoas. Não me acostumo, até hoje, em ver crianças trabalhando em aterros clandestinos. Outra coisa que me incomoda muito é a questão da falta de acesso à habitação, à infraestrutura, ao saneamento básico e à educação. Mas eu sei que a gente vai mudar essa história. Meu sonho é pegar um trator, derrubar os barraquinhos e depois ver tudo construído dignamente. Ter uma casa traz uma noção maior de cidadania. Como é possível se sentir cidadão, se se vive junto e dentro do lixo? Não há dignidade na pobreza, que só é bonita para intelectual. 



Como você se sente como agente político, que representa hoje uma categoria tão importante no Brasil?

Quando participei de uma reunião ministerial, em que representei os catadores e se discutiu o que teria de ser regulamentado dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), eu dei uma respirada e pensei: "Nossa! Eu estou numa sala, no bastidor do poder governamental, decidindo sobre praticamente o futuro da vida de um milhão de pessoas!". Aí me veio à cabeça, como é que deputados e senadores têm responsabilidade para fazer o mais correto na votação de um projeto tão importante para o povo, como este e, às vezes, não estão nem aí pra isso (já que demorou praticamente 20 anos!). Senti o peso de minha responsabilidade e percebi que tinha de fazer o meu melhor e, mesmo assim, ainda teria falhas para trazer os anseios e as necessidades da categoria, para que todos sejam atendidos.

Antes de "Lixo Extraordinário", outro documentário foi feito em Gramacho, enfocando a vida de uma catadora, a Estamira, que deu nome ao filme. Você a conhece?

Eu conheço dona Estamira desde pequeno, mas só soube o nome verdadeiro dela quando o filme foi lançado. Sabe aquela coisa de criança e adolescente de implicar com os mais velhos? Como ela falava que não acreditava em Deus, a gente fazia brincadeiras e ela rebatia. Depois de adulto é que soube de sua história. Mas foi em Gramacho que ela foi aceita como é. 

E como você e seus amigos do aterro se tornaram os principais personagens de "Lixo Extraordinário"?

Justamente porque a ideia do documentário era também de mostrar que o aterro controlado tinha a história de muitas vidas. E veja como o universo conspira a nosso favor! Cinco anos antes, a gente queria fazer um documentário que contasse a história dos catadores. O de Estamira é bom, temos respeito, mas só conta a vida dela. Então, eu e meus amigos "Zumbi" e "Gordinho" pegamos uma câmera na mão e filmamos lá, de forma bem artesanal. Colocamos esse vídeo de cinco minutos no Youtube. Foi aí que Vik acessou o filme e soube de nossas condições. Foi aí que começou tudo. Com o trabalho dele, conseguimos contar o que a gente queria de nossa realidade.

E quais são suas expectativas para o futuro?

Que aconteça a inclusão dos catadores na implementação da coleta seletiva e da logística reversa, previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Assim, cada resíduo pode ter seu destino correto e o catador trabalhar de forma adequada, sem sofrer discriminação. Dentro de um lixão ou aterro controlado, a gente sofre todo o tipo de mazela de saúde, social, com risco constante de acidente e de ser mutilado ou morto. Meu amigo de infância "Zumbi" sofreu um dos piores acidentes que eu presenciei em minha vida. Graças a Deus ele sobreviveu! Uma corrente quebrada sobre uma tampa, amarrada por borracha, caiu, e ele foi arrastado. Quebrou vários ossos. Hoje, tem várias platinas no corpo e é uma pessoa importante no nosso grupo, responsável por nossa biblioteca. Chegou a encontrar aproximadamente 500 livros no lixo, que juntou para criar esse espaço, fora o que a gente recebeu de doação, após o documentário. 

Você foi convidado para participar do Limpa Brasil? Qual o seu papel nesse movimento?

É o de organizar e mobilizar as cooperativas, para que todo material potencialmente reciclável tenha esse fim. Para isso, deverá ser feito um mapeamento, por meio de um manifesto de resíduos que comprove que teve o destino correto. Meu segundo papel é ensinar como se faz coleta seletiva e separação de lixo, nos dias das coletas programadas, durante as mobilizações com a participação da sociedade. A primeira ação será no Rio de Janeiro, no próximo dia 5, do meio ambiente. 





Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br
acesso em 03/11/2011 às 03:36

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Tião Santos na campanha da Coca-Cola 2011

   Após protagonizar o documentário “Lixo Extraordinário”, Tião Santos, o presidente da ACAMJG - Associação dos catadores do aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, conta sua história em propaganda veiculada nacionalmente pela Coca-Cola.

 

 


 

 

Fonte: www.youtube.com

acesso em 01/11/2011 às 00:40