Artigo é um texto que apresenta uma posição determinada acerca de um assunto, sua fundamentação é elaborada por meio do discurso argumentativo e desenvolve, em sua maioria, conteúdo de análise, crítica e explanação relacionado a temática enfatizada no contexto.
Artigo de: Edmar Moreira
Graduando em Letras pela Universidade Paulista - 25/11/2011
O passado histórico-social do Brasil construiu hoje um contexto bem aparente e estagnado de nossa cultura: a desigualdade social. Essa, tratada por diversos parâmetros, nos revela que o Brasil ainda tem muito a caminhar e que por todo ângulo conseguimos identificar o lado "cru" da pobreza brasileira. Milhares de pessoas acordam na esperança de reintegração na sociedade, e diante dos mais complexos históricos de vida de cada um deles, o individuo se vê cercado, não somente, de dificuldades de garantir sua subsistência, mas também de receber um tratamento “humanizado” da sociedade.
Baixa taxa de analfabetismo, de distribuição de renda, de escolaridade e etc., diante desse comprovado quadro, o brasileiro, é sem dúvidas, o individuo que mais se depara com o desafio de perspectiva de vida. Embora tenha-se diante do contexto social um escárnio de valores, todos esses desafios são mascarados com programas criados pelo governo e que pouco atendem a camada populacional carente de tais benefícios.
Índices econômicos apontam que a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil fique entre 4% e 5% no ano de 2012. A “nova classe média” do Brasil corresponde, hoje, a 52% da população e a economia de consumo depende, por uma boa parcela, dessa classe para manter-se sólida. Diante de contextos tão favoráveis, eis que surge o paradoxo da realidade brasileira: Por que ainda permanecemos na mesma situação?
Muitas são as explicações, porém poucas são consistentes e transformativas em sua real situação. O fato é que o Brasil estagnou nas suas políticas favoráveis às classes dominantes, predomínio da concentração de renda e riqueza e empréstimos de capitas estrangeiros ao longo dos últimos anos, resultando em um dos mais caóticos cenários de desigualdade social, que paulatinamente caminha para uma “revolução social”.
Na sociedade considera-se que um dos meios de tentativa de sobrevivência advém de uma série de problemas sociais, que em sua maioria, se não em sua totalidade, são “tratados” pelo governo demasiadamente com lentidão. O individuo brasileiro revela-se à margem de uma sociedade que transborda o avesso de dignidade, austero descaso, indiferença e falta de valores humanos. Diante da complexa perspectiva de crescimento, deparamo-nos com a real necessidade de reintegração na sociedade por diversos tipos de atividades não-formais, exemplificando como sendo um deles, a revelação de um visível cenário da realidade brasileira: a geração de renda por meio de um problema ambiental e social gerado pela sociedade – o lixo.
Muitos brasileiros fazem brotar seu sustento dos lixões, seja por meio de geração de dinheiro propriamente dito, ou do consumo de detritos orgânicos deixados por uma sociedade que pouco tem “consciência seletiva”. O trabalho dessas pessoas apresentam um importante – e triste – cenário da atividade de mão-de-obra brasileira, ressalvo a contribuição dessa camada trabalhadora no que se diz respeito a preceitos de sustentabilidade e coleta seletiva na sociedade, entretanto com pouco incentivo governamental nessas questões dificultam-se o crescimento positivo acerca de mudanças.
Sabe-se que o comportamento cultural do brasileiro é o principal gerador desse problema social, ou seja, o conceito de sustentabilidade e coleta seletiva é muito bem defendido em seu discurso, todavia pouco realizado em sua prática. Diante de tal contexto, a disposição do cenário é cruelmente desenhada: o catador realiza por ele mesmo o trabalho de muitos em decorrência da falta de comprometimento com o meio ambiente e questões sociais da sociedade.
A humanidade revela em seus mais diversos contextos o trabalho de quem transforma lixo em tudo: subsistência, alimento e arte. Entretanto carregam consigo o principal fator: a falta de perspectiva na transformação da sua própria realidade, pois ela está distante, é corriqueira, é só “transformação” – salvo pelo poder que atribui à sua semântica – salvo só por isso, mas raramente conquistado. É atribuir sentido naquilo que o rodeia, a fim de encontrar caminhos para seguir um novo percurso, afinal, o “futuro só depende do próprio indivíduo”, mas em cima desse apontamento universal, que tal construirmos um futuro no coletivo? Meu olhar nunca será novo se eu não transformá-lo em um “novo olhar”. E isso sim é possível individualmente.
Essa construção da Passarola, salvo excelentíssimo José Saramago que nos perdoe, não é mais só uma representação de ambição e utopia, mas sim a “concretização” de que o futuro do Brasil será bem melhor que atualmente, ressaltemos que essa previsão é noticiada por nossos “extraordinários” índices econômicos. Quem sabe superemos, segundo estudos econômicos de 2011, o Reino Unido em nosso Produto Interno Bruto? É um ótimo cenário que mascara a realidade existente, mas que não nos deixa desacreditar de algo: até a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 todos nós estaremos fluentes em inglês.